De acordo com um artigo que li recentemente no portal de notícias da Câmara Municipal do Porto (CMP), seis meses após a implementação da medida de partilha de 14 corredores bus com motociclos e ciclomotores foi avaliada de forma positiva. “Em média 42% dos motociclistas utilizam os corredores bus sem aumento da sinistralidade”, considerou a vereadora responsável pelo pelouro da Mobilidade, Cristina Pimentel. “Os primeiros seis meses foram considerados de experimentação numa zona piloto da cidade e foram acompanhados por um estudo da Universidade do Porto, que vai aferir as vantagens para o escoamento de tráfego, podendo o projeto ser alargado ao resto da cidade. A autarquia espera fazer um balanço definitivo daqui a um ano”, lê-se na notícia.
Atendendo ao menor fluxo de veículos que por elas circulam a CMP decidiu por bem “abri-las” aos motociclos. Com as vantagens inerentes ao mais rápido e eficiente escoamento de tráfego, dos transportes públicos, táxis, veículos prioritários e de emergência, julgo que seria de todo o interesse ser aproveitado o momento para liberalizar os corredores bus também às bicicletas. Como ciclista ávido, não é segredo para ninguém que defendo a “abertura” dos ditos corredores aos ciclistas. Uma faixa bus convertida ao ciclista é melhor que várias ciclovias. Sem rodeios e considerando ser mais seguro e vantajoso para mim, sempre que me dá jeito prevarico e coloco lá as rodas da minha bicicleta. Pelo menos até agora tenho tido a simpatia e consideração dos motoristas, tanto dos autocarros como dos taxistas.
O esboço rodoviário das cidades foi sendo desenhado em função do automóvel. Raramente é pensado o incentivo ao uso da bicicleta, beneficiando o ciclista ou dando atenção à sua protecção. Sendo que para um ciclista urbano o mais lógico é optar pela melhor e mais confortável alternativa de percurso, descuidando muitas vezes a própria segurança e o caminho mais curto, porque não quer encarar uma subida mais íngreme ele vai optar pela via mais amiga das suas pernas, porque a bicicleta não tem motor. Estes corredores geralmente ocupam a faixa mais à direita da rua, sendo que em alguns casos também aproveitam o corredor central de avenidas para o rápido fluxo de veículos prioritários. Sabemos que nas cidades onde a utilização de bicicletas é incentivado o desenvolvimento do sistema rodoviário está a ser adaptado às necessidades do ciclista. Cada sistema tem a sua função, eficiência e lógica, privilegiando a segurança e a fluidez. Um exemplo disso, e considerando o Porto uma cidade moderna, julgo ter sido esse o objectivo da CMP quando por exemplo construiu uma pista especial no canteiro central do troço final da Avenida da Boavista, para depois, entre a zona da Fonte da Moura e a zona do Foco, esse corredor, antiga via exclusiva dos eléctricos, passar a ser uma via reservada aos transportes públicos e veículos prioritários!!!
Aliviar o congestionamento do tráfego exige-se incentivando a utilização de modos de transporte alternativos, como as bicicletas. Reduzir o tempo de viagem e os níveis de emissão de CO2, além de aumentar os níveis de segurança, exige-se incentivando a utilização de modos de transporte alternativos, diminuindo o uso do automóvel. Sendo esta medida um “incentivo à transferência do automóvel para o motociclo e a diminuição do tráfego automóvel como meta a atingir” esse objectivo tem de passar pela utilização da bicicleta. Talvez não acredite que por via dessa medida muita gente vai começar a utilizar a bicicleta em meio urbano, de qualquer forma a expansão de vias prioritárias ao ciclista vai permitir que os ciclistas assumam a cidade com segurança. Mais ciclismo e melhor uso da bicicleta vai tornar a vida na cidade melhor para todos, vai aliviar os congestionamentos urbanos, melhor transporte público e consequentemente melhorar a vida dos automobilistas.
